Olho ao meu redor… aquilo que vejo, nas pessoas da minha idade desilude-me… é rara a pessoa que guardou a juventude da alma… cada vez mais, as pessoas andam tristes, contraem a boca e todo o rosto em esgares que as desfiguram, em vez de sorrir…
Sinto-me só, no meio das ruas que atravesso… a minha alma não sabe já o que quer… é duro ver tantos jovens, tantos casais, e sentir a falta de um afecto real… não de uma relação física, mas de um afecto sentimental partilhado, não uma amizade à distância, mas sim com a proximidade física que permita falar cara a cara, sem outras intenções, mesmo entre homens e mulheres… actualmente, isso não existe quase… a sociedade virou-se para as relações fáceis, para o sexo sem amor… confundem a paixão com o amor, e dão largas à sua imaturidade, buscando desenfreadamente a satisfação dos sentidos… erro tamanho! Correm atrás de ilusões, ou vendem-se em troca de dinheiro fácil, em troca da obtenção de prazer físico e futilidade. ..
Onde está a comunhão intelectual e/ou sentimental, platónica,de duas almas, de pessoas de sexos opostos, que se estimem profunda e lealmente, enquanto seres que sentem e pensam, sem as intenções passageiras, fugazes, efêmeras e ilusórias da satisfação física?
Certos dias, esse tipo de frustração me invade, me inunda e dói fundo, como uma espada que se revolve numa ferida sem se remover do sítio! Alguns daqueles por quem sinto esse tipo de afecto estão longe, não posso quase falar com eles… por isso a solidão continua a ferir-me, sem que eu saiba quando isso terá fim…
Busco novas amizades, mas não encontro o que procuro… será que algum dia encontrarei tal coisa? Não sei! A vida é uma incógnita!
Nely
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