Contempla o firmamento,
Ó tu, que em nada crês!
Admira, um só momento,
No abismal silêncio, o que vês...
Sobre o planeta adormecido,
Caiu o véu escuro.
Ó néscio, que cogitas, absorvido,
Tentando adivinhar o teu futuro...
É bem propícia a hora:
- Atentamente, podes escutar!
Que vês, então, e ouves, agora,
No sideral espaço, a murmurar?
Cintilam as estrelas, afastadas,
Dando impressão de estar chorando...
Parecem circonitas cravejadas,
Num safírico diadema figurando...
Dirás: - o que se passa, no espaço?
- Não pode ser! É imaginação!
Quiseras tu colhê-las, num abraço...
E possuir toda a constelação...
Desperta da quimera em que ficaste,
A divagar, a delirar, somente!
O lamento remoto que escutaste,
É o de Alguém que chora tristemente...
E, em troca, não obteve nada...
Que por ti muito sofreu,
Por ver-te na senda errada.
Essa presença invisível,
Que julgas choro estelar,
Vem dizer-te, ó insensível!
- São horas de despertar!
Nely