A uma vida incompreensiva,
Em cruz de vida, vivendo,
Eu dedico estes versos,
Que Deus me vai concedendo.
Tu foste uma vida adorada,
Que eu defendia, sofrendo;
Não queria perder-te por nada,
Por tua morte sempre temendo!
Ia vendo todo o teu sofrer,
Com pena em meu coração;
Mas tu nunca soubeste entender
Esta minha sôfrega intenção.
Foste traindo e magoando
Quem, no mundo, tanto te amava!
E eu, triste, desiludida,
A pouco e pouco, o observava!
Por isso, hoje, desabafando,
Ponho tudo isso no papel,
Do que tenho ido recalcando,
Para que cesse o tropel...
O tropel de desilusões,
De desgostos, que me impuseste;
Com todas as tuas traições,
E o pouco amor que me deste!
Se agora, aqui, te trato por tu,
Foi por perder-te o respeito,
Porque tu puseste a nu
O teu tão grande defeito!
O tão grande defeito de ser,
Da estupidez, um cheio vaso;
Perdeste, assim, o meu querer:
-Já não faço de ti caso!
Quando é que abres os olhos
Da vida espiritual,
E deixas todos os escolhos
Da cegueira material?
Talvez tenhas de voltar
A este mundo novamente,
Noutra vida, a expurgar
Tua maldade inconsciente!
Mesmo que queira perdoar
Tua tão grande cegueira,
Não posso impedir-te de penar
O resto da vida inteira!
No dia em que tiveres de deixar
Esta pobre vida terrena,
Eu já não me vou importar:
-Por ti já não sinto pena!
Nely
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