terça-feira, 6 de outubro de 2015

Um novo poema meu: Os Arqueiros

No seguimento da mensagem anterior, mais um dos meus recentes poemas:


Mote:
"Colocámos o sonho no arco
e dele fizemos flecha certeira
e transportámo-nos no vento
como se fôssemos a semente derradeira." - Mia Couto, em " Raiz de Orvalho e outros poemas"( p. 34)




Os Arqueiros

Colocámos o sonho no arco,
Tal como um hábil atirador,
Que, na mira da sua presa,
Com olho de lince, ou de condor,
E num único gesto parco,
Sua arma, agilmente, retesa...

E dele fizemos flecha certeira,
 Que, atravessando e zunindo no ar,
De um breve e fugidio fulgor,
Ilumina, ligeiro, a Terra inteira,
Qual clarão, raio de sol, a brilhar,
Deslumbrando a Humanidade em redor...

E transportámo-nos no vento,
Poeiras do pólen dessa flor,
Tão bela e tão fugaz - a Esperança,
Leves e transitórios, no intento
De colorir de sonhos e de amor
Este Mundo, sedento de mudança...

Como se fôssemos  a semente derradeira,
Em sacrifício, ofertámos nossos corações,
 Na tentativa ingénua e audaz
De pôr um fim, dessa maneira,
Às atrozes e inúteis convulsões,
De que o Mundo, de livrar-se, é incapaz!

Nely,
Agosto de 2015

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