Ao meu filho, Marcos Carlos:
À DESCOBERTA DO MUNDO INVISÍVEL
Valnice e Pedro são mãe e filho. Ela, na casa dos quarenta; ele, na casa dos vinte... Podem, à primeira vista, parecer uma mono-família normal... Mas são bem mais do que isso: Ambos desenvolveram uma relação que vai mais além da simples relação de mãe e filho: são profundamente amigos. Tratam-se ambos pelos nomes próprios. Falam de tudo e mais alguma coisa. Não têm preconceitos, quanto à linguagem, nem quanto aos temas a abordar. O respeito e o carinho, no entanto, são fortes e mantêem-se entre os dois. Saem quase sempre os dois juntos, e para todo o lado. Ambos aprendem um com o outro, constantemente. Vivem numa vila à beira-mar.
Os dois andam pela praia local, numa certa noite. É um hábito que ambos criaram, há algum tempo. Resolveram, desta vez, e de comum acordo, vir dar uma volta, afim de que Valnice possa ali fazer um pequeno treino de concentração... É o início do Outono, e as noites à beira-mar já vão sendo bastante frescas. Eles passam por uma zona da praia em que há uma passadeira elevada, com um restrito espaço de descanso, com alguns bancos. Nesse momento, está tudo deserto. Costuma ser uma zona sossegada, boa para isso. Descem a passadeira, e dirigem-se perto da água. Está bastante escuro, nessa zona, e a luz do luar é fraquinha. Valnice concentra-se, agora, diante do mar... Olha para a água, fixamente, durante o máximo de tempo que consegue. Várias formas estranhas, como peixes e baleias pequenas, e como sereias, se erguem, em transparência subtil, na rebentação... São presenças espirituais... O ruído das ondas torna-se o ruído das vozes desses milhares de seres espirituais marinhos, desconhecidos de Valnice até à data, e que parecem estar em guerra uns contra os outros, ou contra quem esteja na praia, ali mesmo ao pé da água... Parece uma manifestação contra eles... Mas não é... Valnice sente intuitivamente que é apenas um aviso: Perigo! Algo está para dar-se... Há um quê de inquietação no ar... Valnice nunca presenciara nada igual... Quem havia de dizer que nas águas se agitava todo esse mundo desconhecido?
Pedro interpela a mãe, em voz baixa:
- Então, Val? Estás a conseguir ver alguma coisa?
Ela, alerta, responde-lhe no mesmo tom. Pois, nunca se sabe quem pode andar por ali, e eles não querem que ninguém partilhe a conversa deles:
- Ó Pedro! Sim! E nunca vi nada igual! Nunca pensei!
- Concentraste-te bem, Val?
- Sim! O máximo possível! Mas ainda tenho alguma dificuldade... No entanto, vi uma grande mistura de coisas ou seres a erguer-se da rebentação, em transparência e em sombra!
- Isso foi só uma amostra! Se continuares, todos os dias, um pouco, a treinar a tua visão espiritual, vais descobrir muita coisa com que nem sonhas! Não só aqui ao pé do mar! Noutros locais também!
- Pois, calculo que assim seja! Em toda a parte deve haver muito que descobrir! Até porque já, tanto tu como eu, sentimos presenças estranhas, e falta de forças nas pernas, dores de cabeça, em hipermercados e outras lojas grandes! Deves estar lembrado, que já tínhamos falado nisso!
- Tens toda a razão! Agora, se não te importas, vamos, rápido, pois estou a sentir alterações no ambiente...
-Há algo de inquietação, de alerta no ar! Uma sensação de perigo...
- Sim! Ainda bem que te apercebeste, Val! Temos de voltar a passar pela passadeira elevada... e vamos ter companhia desta vez... já os estou a sentir aproximar-se...
-Como sabes? Quem são?
- Sei, pelas ondas de energia negativa que se aproximam e que consegui captar... Quem são, não sei... Não é coisa boa, é só o que te posso confirmar! Mas não tenhas medo! Deus está connosco! Quando passarmos pela passadeira, não te desvies de mim, nem fales, e não olhes sequer para os lados! Dás-me apenas a mão e segues-me, ok? Agora, Senhor, que o sangue de Jesus Cristo nos cubra!
-Está bem!Amén!
Tudo isto foi dito em voz baixa, em tom de murmúrio segredado. Não lhes convém serem ouvidos.
Vão de volta, e não há iluminação alguma no passadiço de madeira. Pelo contrário, surgiu também, agora, uma espécie de neblina densa e estranha, nesse local onde eles são forçados a passar, e não têem como a evitar. Num pequeno banco dessa passagem, vêem-se duas formas, supostamente humanas, como que envoltas ainda nessa forte neblina, que agora se está dissipando, mas das quais não se distinguem traços de rosto. Essas presenças estão sentadas, observando-os, enquanto eles passam, mudos e de mãos dadas. Avançam o mais rápido que conseguem, sem olhar para os lados, como combinaram, e sem se deterem. À passagem por esse perímetro da passadeira de madeira, sobre as dunas, quase rente a essas personagens estranhas, sentem um frio gélido inusual. Na praia, há pouco, não fazia frio, apesar da leve brisa marítima que se fazia sentir. Descem da passadeira. Os estrambólicos seres desapareceram de novo.
Valnice e Pedro seguem rapidamente pelo caminho pedestre, saindo da praia. Quando já estão junto à estrada, e aos primeiros prédios da povoação, Valnice interroga Pedro, falando ainda baixinho:
- Que personagens eram aquelas, pá? Até senti um frio gélido! E surgiram do nada!
- Não te avisei? Eu também senti esse frio! Provinha deles! Não sei quem eram, mas de humanos, só tinham o disfarce da forma...
- Nem se lhes via rosto algum! Que estranho!
-Também me apercebi disso! Estavam a tentar camuflar-se inicialmente!
- Primeiro, havia como que uma espécie de nevoeiro, ali no sítio onde eles surgiram...
-Sim! Eram eles a tentar ficar invisíveis para connosco... A ideia deles era passarem despercebidos, mesmo! Mas captámo-los, e eles ficaram assim, pois não tiveram tempo para mais...
-Apre! Que encontro mais estranho! Parecia que nos estavam espiando!
- Sim! Estavam mesmo!
- Credo! Se já nem se pode vir dar um passeio, num sítio tão pacato!
-Tu nem fazes ideia do que há de personagens dessas por aí! E é um sítio pacato, tal como dizes! Nas cidades, deve ser mil vezes pior!
- Dispenso encontros desses! Chiça!
- Também eu, podes crer! Mas mesmo de dia, em qualquer lado, nos cruzamos com “gente dessa”! Enfim: coisas estrambólicas com forma de gente, se me faço entender! Assim como nós captamos as ondas negativas, o lado da maldade deles, e as más intenções, eles também dão por nós! Inimigos mortais: vida e morte! Mal e Bem! Eles são do lado do Mal, podes ter a certeza!
- Não tenho mesmo dúvidas! Vamos até casa?
- Sim! Chega de cenas estranhas por hoje!
Valnice e Pedro vão efectivamente para sua casa, onde a luz deixada acesa na entrada os acolhe, e a atmosfera morna do ambiente os reconforta. É o início do Outono, e embora não faça propriamente frio, o sucedido deixou-os com vontade de tomar algo quente, reconfortante. Depressa, Valnice prepara uma caneca de leite quente para cada um deles.
Sentados à mesa, na cozinha, conversam ainda:
-Agora a seguir, vou dar um duche, ou melhor dizendo, um banho de descarrego!- Lembra-se Valnice.
-Até eu preciso dar um! – Responde Pedro, com um gesto de concordância.
- Creio que sim! Vamos aliviar-nos desse mau encontro, dessas energias negativas que tentaram colar-se a nós!- Responde Valnice, convicta.
- Mas lembra-te de que em tudo, há um lado positivo: esta noite, certamente, aprendeste algo mais, sobre o mundo invisível que nos rodeia!
- Não tenhas dúvidas que aprendi! A aprendizagem é sempre útil!
- Neste caso, ainda mais! Mas ainda vais ter de aprender a defender-te e a proteger-te eficazmente contra esse tipo de forças maléficas! Se não te protegeres, sugam-te a energia num ápice! E nunca sabes quando isso pode suceder!
- Mesmo!
- E não só se dedicam a roubar a energia, como a neutralizar-nos, combater-nos, fazerem-nos mal! Há que ser previdente e saber evitar os ataques deles! Esta é uma batalha constante, que afecta o mundo físico visível, mas é sempre travada no invisível!
-Bem sei! O mundo espiritual é bem grande e desconhecido! E além disso, misterioso!
- Pois é! Há, no entanto, coisas que nos vão sendo reveladas, e há maneiras de nos treinarmos, de nos protegermos contra todas essas forças desconhecidas e maléficas! A praia, de dia, é óptima para ajudar a nossa mente a limpar-se, acalmar os nervos, treinar a concentração, respirar fundo!
- Já vi gente a fazer Reiki na praia!
- Também eu! Bom: vais tu primeiro ao banho, ou vou eu?
- Vai lá tu primeiro, Pedro! Eu já vou! Vou prepar a água quente com sal para ti, e depois para mim! E as roupas para vestirmos depois do banho!
- Certo!
Valnice fica arrumando a cozinha, prepara um pequeno jarro com água morna e sal grosso, levando-o para a casa de banho, onde Pedro já se encontra, a descalçar-se.
- Aqui tens a água com sal para deitares por cima!
-Obrigada, Val!
Valnice sai da casa de banho, para a cozinha novamente, e prepara outra vazilha pequena com água bem quente e sal grosso. Depois, ruma ao quarto do filho, a preparar a roupa de dormir que ele vai vestir depois desse banho.
Entretanto, Pedro sai ele próprio da casa de banho, envolto num roupão de banho, e ruma ao seu quarto, para vestir um pijama. Seguidamente, ela faz o mesmo no seu próprio quarto e dirige-se finalmente à casa de banho, levando a água com sal que preparou para si.
O dia a seguir vai ter mais actividades, programadas já com antecedência, para esses dois familiares que se adoram e preparam tudo em comum. Combinaram ir às compras juntos, por exemplo, como fazem sempre que disso necessitam.
Alguns dias depois, Pedro e Valnice vão a um serviço público. Várias pessoas se encontram ali, umas sentadas, outras de pé, e Valnice repara numa mulher, ainda jovem, que frequentemente, olha para ela e para Pedro, com um olhar estranho. Pedro também capta o olhar da desconhecida. E fixa nela o seu olhar. A outra, incomodada, desvia o seu... várias vezes, a cena repete-se. Quando saem dali, Pedro fala:
- Viste a tipa aquela?
- Sim! Que raio? Não parava de olhar, ora para mim, ora para ti... Que raio?
-Uma feiticeira! Captei-lhe os pensamentos! Falámos ambos com o olhar.
- Por isso ela não te tirava os olhos de cima!
- Ela estava curiosa a meu respeito! Apercebeu-se de que sou uma pessoa de personalidade forte! Mandei-lhe um recado: - Não te metas comigo! Captei a tua jogada!
-E ela?
-Revelou ser uma feiticeira que ficou espantada por eu ser um ser humano transmissor de luz! E por a ter descoberto!
- Eh, pá!
- Dessa aí, não tenho medo! Ela não se atreve comigo! Sou mais forte!
- Ainda bem! Mudando de assunto: Reparei numa coisa... havia uma planta sobre um móvel, nessa divisão... sem gota de água... e ainda há dias, que ali vim, a planta estava viçosa! Se continuar assim, murcha!
- Também reparei na planta! Aquilo ali, é um serviço público! Sempre têm quem faça a limpeza e deite água nas plantas... Ela não tem falta de água, digo-te eu!
- Então, que se passa?
- Sugaram as forças à planta, com o olhar! Alguém estaria, por ali, com certeza, com défice de energia. Chuparam-lhe a energia quase toda! Pobre planta! E não me admirava nada que tivesse sido a tipa aquela... ou alguma das “aves raras” com que cruzamos, e que costumam ser aquilo que se chama de “vampiros psíquicos”! Enquanto o fazem a uma planta, não o fazem a nenhum de nós!
- Safa! Mesmo! Já ouvi falar desses sugadores de energia alheia, sim!
- Mas, olha, Val: Aí tens outro exercício de concentração que podes praticar! E lembra-te de que os nossos pensamentos também emitem vibrações! Se conseguires concentrar-te a olhar para uma planta e falar mentalmente com ela, ela capta a vibração energética do teu pensamento! E se lhe falares audivelmente, também! Se necessitares de um pouco de energia, porque te sintas mesmo sem forças, e estiveres ao pé de uma planta viçosa, pede-lhe gentilmente, em pensamento, mas olhando para ela, que te conceda um pouco da sua energia vital! Ela depois, logo recupera! Verás que a planta vai vibrar quase imperceptivelmente, e vais sentir regressar a tua própria energia daí a pouco!
- Verdade? Que fascinante! Há quem diga que falar com as plantas as deixa mais viçosas! Não sabia até que ponto isso era possível... mas vejo que tem uma base lógica! E sabes que também adoro plantas, porque elas conferem mais beleza e vida, mais harmonia a qualquer ambiente!
-Sim: ao fim ao cabo, nós somos energia! E elas também! Junto ao nosso corpo físico, temos um envoltório energético, dividido em várias partes, a que se chama chackras. Quando andamos em baixo de forma, ou nervosos, por exemplo, ou doentes, é porque algum, ou mais do que um, desses chackras está ou estão descontrolados, desequilibrados!
- As coisas que tu sabes, Pedro! Meu Deus!
- Tu também já sabes muitas coisas, Val!
- Pois sim, mas talvez não sejam as mesmas!
- Nem sempre coincidimos nos nossos conhecimentos, é verdade! Mas podemos aprender um com o outro, e preenchermos ambos essas lacunas!
- Com efeito!Torna-se um saudável intercâmbio! Sabes porque existe o “fosso entre gerações”? Precisamente porque as pessoas, em família e não só, não têm a humildade de reconhecer que todos precisamos uns dos outros, e todos podemos aprender algo, uns com os outros!
- Tens toda a razão! E esse tal “fosso” é sobretudo espiritual! Voltando ao tema dos chackras, vou mostrar-te uns sites interessantes, com matérias que podes ler, quando quiseres, ou que tenhas um pouco de tempo disponível... Vais aprender mais umas coisas, se estiveres de acordo!
- Boa! Esse tema dos chackras interessa-me e bastante!
- É fascinante, vais ver! Vais gostar, de certeza!
O dia a dia desses dois familiares continua, num quotidiano que poderá parecer vulgar a quem os conhece de vista, mas não priva com eles.
Numa outra noite em que eles estão em casa, Pedro sente algo estranho no ar, e sai para o terraço, para indagar. Valnice segue-o curiosa, como sempre que Pedro detecta anormalidades espirituais no ambiente. O espectáculo que ela vê nos ares é minimamente estranho:
Formas etéreas, em formato de trapézio, movem-se. Pedro faz sinal a Valnice, silenciosamente, pondo um indicador sobre a própria boca fechada, e não pára de observar aquilo, concentradamente. Algumas dessas formas vão reduzindo o seu tamanho, outras aumentam. Algumas desaparecem misteriosamente, tal como apareceram... Passado um longo e silencioso momento, Pedro faz sinal a Valnice, e voltam para dentro de casa. Aí, conversam sobre esse estranho fenómeno.
-Que coisas estrambólicas eram aquelas, Pedro? Percebeste alguma coisa?
- Tu só conseguiste ver formas estrambólicas, Val?
- Sim! Pareciam trapézios de nuvens a lutar uns contra os outros, ou algo do estilo...
- Eram dragões! Potências espirituais! Captaram-me, e estavam a tentar aproximar-se, mas com o olhar, mandei-os embora, e desistiram... Não notaste que enfraqueceram?
- Sim!
-Porque queriam vir atacar-me, mas a minha protecção espiritual, visível para eles, os desencorajou logo! Viram que estou guardado, acompanhado e rodeado da protecção angelical que Deus tem posto ao meu redor!
- Boa! Mas essas coisas metem um bocado de respeito, pá!
- Mas com os escolhidos de Deus, não se metem! Não têm sequer permissão para tal! - Ora, ainda bem! Pois olha que é a primeira vez, na vida, que assisto a tal espectáculo, e nem sequer estava a compreender o que era, porque só via aquelas formas...
- Isso é porque tu ainda não tens a tua visão espiritual suficientemente desenvolvida, para conseguires discernir as verdadeiras formas. Por isso vês as coisas tipo transparente, ou tipo nublado, ainda!
- Deve ser isso! Ainda bem que te tenho a ti para me explicares esses pormenores dessas cenas estranhas!
- Claro! É sempre bom termos por perto quem saiba mais do que nós, tenha capacidade para ver, sentir, captar e discernir as coisas do mundo invisível, e que nos ajude a entendê-las, e também que nos aconselhe em como lidar com todo esse aprendizado, todas essas descobertas!
- Por isso, muita gente, sem discernimento, mete-se com o mundo espiritual, e faz asneiras...
-Sim! Asneiras graves que podem custar-lhes a própria vida, ou prejudicar as dos outros!
-Outro dia, a nossa amiga Armanda estava a falar comigo acerca de coisas dessas, e ela contou-me que Deus lhe deu um recado para outra pessoa. Deus disse-lhe que os seres humanos não sabem o que existe no mundo oculto, no mundo invisível. E que não devem provocar esse mundo e as forças diversas que nele exitem! Pois muita gente tem feito disparates, ao não respeitar o mundo espiritual! Ela disse que Deus até lhe alterou a voz, e o que saíu dela foi a voz do Espírito Santo, que estava bastante zangado!
-Ela tem razão no que te disse! E se esse recado veio mesmo de Deus, como eu também creio, melhor será que respeitem a Sua admoestação! Com Deus não se brinca! A Justiça Divina pode ser implacável, se fôr preciso!
- Cá por mim, o melhor é não desobedecer a Deus! Se o Senhor manda ter cuidado, é porque Ele sabe todas as coisas, e nos quer poupar em relação a problemas grandes, e a terríveis consequências de interferir com o oculto!
- Pois claro! Por isso, tudo o que fizermos teremos de o fazer com cautela, e muito a sério! E quando tivermos a absoluta certeza que Deus está connosco no que empreendermos! Há que adquirir conhecimento suficiente que nos ajude a defender-nos do nosso inimigo, que é espiritual. Mas de modo comedido, com cautela, e sob a protecção de Deus!
Muitas das vezes, a vida destas duas pessoas é um decorrer de dias rotineiros, mas de vez em quando, há coisas que lhes sucedem, ou coisas que presenciam que os fazem dialogar sobre elas, para além do que compõe o seu quotidiano. E assim, certa noite, ao regressar de um pequeno passeio com dois amigos seus, Pedro vem um bocado alterado.
- Val! Nem sonhas o que eu e o João vimos, há poucos minutos!
- Que foi, Pedro?
- Vimos ambos uma nave espacial a desandar a toda a velocidade mesmo à nossa frente! Eu vi, e ele também!
- E não estamos a fantasiar!- Corrobora João, que é um ano mais velho do que Pedro.
-Se vocês o dizem! Quem sou eu para duvidar!
-Ainda bem que você acredita em nós, Valnice! Se fossem os nossos pais, iam dizer logo que andamos a fantasiar ou a gozar com a cara deles!- Diz Anselmo, o outro amigo de Pedro.
- Nem toda a gente acredita nessas coisas, como vocês sabem! Mas eu acredito, porque também já vi algumas coisas estranhas desse género, no céu, e bem perto!- Responde Valnice. – Além disso, há pais que acham que, se os rapazes andam todos juntos, a tendência deles é quererem pregar partidas aos pais ou a outras pessoas que os escutem e lhes dêem crédito!
- Mas eu juro, Val, que nós não estamos gozando!- Continua Pedro, com ar sério e convicto. – Quantas coisas já temos presenciado juntos, tu e eu?
- Por isso mesmo é que eu acredito no que vocês me estão dizendo! Sei bem que há presenças e fenómenos estranhos ao nosso redor, e em toda a parte! E que por vezes, isso é visível e perceptível!
-E também sabemos que há malta que realmente, leva o tempo a pregar partidas e inventar coisas, só para se armarem em bons, e rir da cara e da credulidade de outros, inclusive dos próprios pais!- Diz João, com um sorriso. – Ao fim ao cabo, já topei com malta dessa, e mandei-os bugiar, porque estava na cara que eles estavam gozando!
- Pois! Bem sei quem são esses! Só sabem armar confusão, com essa mania dessas brincadeiras descabidas! A mim também tentaram fazê-lo e mandei-os ver se chovia!- Exclama Anselmo.
-Bom, o que é facto, é que estávamos há pouco os três juntos, aqui perto, e vimos como que um foguete a voar à nossa frente, a grande velocidade! – Diz Pedro.
- Sim! Todos três ficámos como que pregados ao chão ao ver isso! – Responde ainda Anselmo.
- Como todos nós aqui presentes sabemos, não estamos sós no Universo, nós, seres humanos! Há outras criaturas para além das terrestres, ao redor do Planeta Terra e não só!
Os jovens concordaram, e cada qual dizia o que pensava e o que julgava saber a esse respeito, o que lera ou ouvira dizer...
A conversa continuou nesse tom, enquanto os dois jovens ficaram sentados ao pé de Valnice e de Pedro, e estes dois, jantavam, para depois os jovens irem todos juntos dar uma volta. Valnice preferiu ficar em casa, pois no dia a seguir, teria muito trabalho, e necessitava descansar.
Muitas outras coisas desse género são vistas e discutidas, amiúde, entre mãe e filho, pois eles sabem que o mundo invisível, por vezes, se torna não só visível mas cognoscível para eles e para muitas outras pessoas como eles.
Dia a dia, continuam a partilhar experiências, a discutir casos e assuntos que tanto têm cariz espiritual como outros que o não têm. Mas que os interessam a ambos. Ambos gostam de expôr um ao outro o seu parecer, trocar ideias, aprofundar assuntos e temas das mais variadas esferas: sociais, políticos, desportivos, espirituais, e inclusive do mundo das artes plásticas e da música. Todas essas coisas os unem e consolidam a amizade e a relação profunda, entre mãe e filho, de ambos.
FIM
Nely, Maio 2017
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